DANAE STEPHAN
Colaboração para a Folha de S.Paulo
Tanto as toalhas de papel quanto os jatos de ar têm um custo ambiental alto. O papel usado pelos fabricantes é virgem, e os resíduos não são recicláveis. A indústria consome muita água no plantio das árvores e na fabricação da celulose: para produzir um quilo de papel são gastos 540 litros.
As empresas alegam que só aproveitam árvores de reflorestamento, e que a fibra virgem é mais higiênica. A professora-titular de economia do meio-ambiente da UFRJ, Dalia Maimon, considera os secadores melhores: "Precisamos dar à terra um uso mais nobre, e não trocar plantações de alimentos por florestas de eucalipto", diz.
O coordenador do grupo de estudos do setor elétrico da UFRJ, Nivaldi de Castro, discorda: "Papel é fonte de energia renovável. E o plantio de árvores traz outra vantagem: durante seu ciclo de vida, elas combatem a emissão de CO2", diz. Para ele, ao contrário do que dizem os fabricantes, o secador gasta alta quantidade de eletricidade, de 1.700 a 2.000 watts.
Segundo pesquisa da Universidade de Westminster, as pessoas gastam 43 segundos para secar 95% das mãos nos aparelhos, contra 10 segundos no papel. O estudo revelou que o uso de jatos de ar aumenta a quantidade de bactérias nas mãos em 255%. Só que a pesquisa foi encomenda da associação inglesa de produtores de lenços de papel.
Em defesa dos aparelhos, o representante da Pharus, Roberto Rodrigues, respondeu: "Até a Mitsubishi e a Siemens fabricam secadores de mãos no Japão e na Europa. Se esse aparelho fosse nocivo à saúde, você acha que fabricariam?"
"Para chegar a uma conclusão precisa, seria necessário calcular todo o processo de manufatura de toalhas e secadores", diz Dalia. "Mas o impacto da energia elétrica no Brasil é menor que o da produção de papel", acredita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário