sábado, 24 de maio de 2008

Uso de Animais na Ciência - 6


LIMITAÇÕES ÀS PESQUISAS EM ANIMAIS

Além das agremiações de antiviviseccionistas, já discutidas neste artigo, existem outros fatores que interferem nas pesquisas em animais. Os valores íntimos do pesquisador são, talvez, o maior obstáculo ao trabalho com animais. Qualquer ser humano que não tenha distúrbios de comportamento, sente uma grande dificuldade em provocar o sofrimento de um animal, por mais importante que seja o objetivo de seu trabalho. É necessário um penoso processo de supressão emocional em relação ao animal para que se possa realizar qualquer investigação. Essa situação torna-se ainda mais grave nos trabalhos de longa duração, em que é inevitável o envolvimento emocional do pesquisador com o animal.

Portanto, que fique claro o "penoso processo de SUPRESSÃO emocional" desejado. Um efeito em primeira análise totalmente artificial.

Se a pressão psicológica for insustentável, o pesquisador deverá afastar-se da investigação, porém divulgando as suas idéias, para que outras pessoas tenham a oportunidade de desenvolver o trabalho que possa resultar em uma contribuição científica importante. Um fato completamente imoral e inaceitável é o pesquisador, incapaz de realizar o trabalho, em decorrência de obstáculos individuais, obrigar seus subalternos a realizá-lo.


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Um fato COMPLETAMENTE IMORAL e INACEITÁVEL é o pesquisador, incapaz de realizar o trabalho, em decorrência de obstáculos individuais, obrigar seus subalternos a realizá-lo." O que acontece o tempo todo. É isso que acontece diariamente quando alguém que consome carne ou derivados animais em suas refeições PAGA para que uma empresa ou indivíduo execute e processe o animal que ele não tem coragem de executar. O cidadão comum não que ter real noção do que consome (por pura conveniência) uma vez que sabe o desconforto que isso envolve. O auto-engano.

A maior vantagem das pressões sociais sobre os pesquisadores foi a melhoria da alimentação e das condições de alojamento dos animais. Com vista também à proteção das pessoas envolvidas na pesquisa, tornou-se obrigatório vacinar os animais, tratá-los de eventuais doenças e assegurar a sua procedência. Em contrapartida, essas exigências oneraram substancialmente as investigações. Se for ponderado que a maioria dos recursos investidos em pesquisa são parcos e que os pesquisadores raramente são abastados, concebe-se o obstáculo que essa conjuntura traz à realização do trabalho. Nos Estados Unidos, por exemplo, cada cão custa, no mínimo, 30 dólares. Considerando o tipo de pesquisa realizada, sua duração, a alimentação e o ambiente a ser oferecido, o orçamento com cada animal pode alcançar várias centenas de dólares. Esse valor não inclui os demais gastos com a investigação. Em nosso país, ainda não se atingiu esse exagero, em contrapartida, o dinheiro investido aqui na pesquisa representa uma fração insignificante, comparando-se com a maioria dos outros países.

Mais uma vez fica evidente a consideração de animais como objetos e a importância de seus custos. É esse no final das contas um dos principais pontos que governa o uso de animais de forma indiscriminada em nossa sociedade: custos, custos, custos. Depois temos o aspecto "eles não podem se opor a isso". A "melhoria" das condições de alimentação, alojamento e tratamento dos animais é interessante à confiabilidade do experimento, e não, aos interesses do animal. O principal e único interesse dele nesse instante é NÃO PARTICIPAR DE EXPERIMENTAÇÃO CIENTÍFICA.

Mesmo o objetivo do trabalho sendo importante, o pesquisador deve ser capaz de realizá-lo com o mínimo de animais necessário à obtenção das respostas às indagações que originaram a pesquisa. Como a vigilância à investigação científica no Brasil ainda é muito precária, uma forma de se controlar o abuso contra os animais é através das instituições de fomento às pesquisas e das revistas especializadas em divulgá-las. Em ambos os setores existem profissionais competentes e com profundo conhecimento científico que limitam o fornecimento de recursos ou impedem as publicações dos trabalhos de pesquisadores afoitos que julgam, de forma errada, que a investigação científica se mede pelo volume de sua amostragem.


Diante de minha experiência em Ciência, tenho sérias dúvidas de que esse controle seja real e concreto em qualquer parte do mundo. Os interesses que prevalecem são todos, mas em último lugar sempre o interesse dos animais usados como objetos.

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