segunda-feira, 31 de março de 2008

Paradoxo humano


Ao longo da história temos tratado animais como meros objetos desprovidos de desejos, sensações e consciência.

Os submetemos (sem exceção de espécie, gênero ou qualquer outra característica biológica) a um estilo de vida escravagista, ditatorial e cruel.

É improvável que tivessemos consentimento por parte deles quanto ao modo como os utilizamos em função de nossas necessidades (por sinal, muitas delas desnecessárias).

De fato, consentimento é um aspecto problemático a ser adquirido no caso de criaturas geralmente incapazes de travar comunicação com humanos segundo os moldes ao qual estamos acostumados (fala, escrita, mímica). Os limites do conhecimento humano nos mantém muito distantes de compreender como animais podem pensar a respeito do modo como nós os tratamos. No entanto, temos acesso a uma grande gama de indícios sobre isso.

Um exemplo típico e vulgar é aquele em que reconhecemos o desconforto de um animal perante eventos onde são constatadas alterações de ordem fisiológica : pupilas dilatadas, aumento do batimento cardíaco, liberação hormonal intensa, etc.

Reconhemos os mesmos indícios em humanos.

Quando ? Quando estes vivenciam pânico, dor e medo.

Em suma : quando sofrem (ressalva ao fato de que sofrimento nem sempre está associado a essas manifestações orgânicas - mais um motivo para um maior cuidado e atenção para com os animais).

Podemos sujeitar animais a um grande número de exames, estudando e observando suas preferências, motivações e estados emocionais, mas essencialmente não podemos pensar como eles. Assim, não podemos extrapolar que eles ignorem ou consintam com os excessos que cometemos com eles, sendo dentre muitos, criação industrial em larga escala, experimentação científica, trabalho forçado, abate programado, confinamento ou desapropriação.

Se usamos a filosofia de extrapolar/derivar conclusões em função de similaridades previamente conhecidas (também conhecido por Método Científico), temos muito mais motivos para acreditar que animais sintam os mesmos desconfortos que nós ao invés de pensar que eles são desprovidos de desejos e sensações.

O ponto essencial é que humanos são também animais. Do ponto de vista evolutivo.

Humanos recém-nascidos são desprovidos das complexas habilidades comunicativas encontradas em um ser adulto. Nem por isso os submetemos ao 1/5 do que fazemos com animais.

Da mesma forma, pessoas que nascem surdas e mudas são automaticamente dotadas de direitos básicos mesmo em função de seu silêncio e debilidade funcional/comunicativa. A lógica se mantém.

Se consideramos recém-nascidos, deficientes físicos/mentais e idosos como criaturas carentes de uma imensa gama de capacidades deliberativas (e portanto os consideramos como dependentes legais de terceiros), deveríamos aplicar o mesmo princípio aos animais, indifrente da espécie a que pertençam.

Em suma : se garantimos aos humanos uma pletora de acessos e liberdades, devemos garantir aos animais um mínimo muito maior do que supostamente lhes permitimos hoje em dia. Muito maior mesmo.

Temos por hábito tratar cada humano como um indivíduo de valor ao considerar suas reivindicações morais e sensoriais. Assumimos que direitos e interesses residem no indivíduo, portanto.

Assim, não tomamos por criminosos todos os indivíduos de um grupo pelo fato de apenas um deles ter cometido um delito. Não é porque um negro mata alguém que todos os negros do planeta sejam assassinos. Segundo a mesma lógica (em um exemplo contrário) posso citar que o governo Alemão proporcionou compensações as vítimas do Holocausto mas não a todos os judeus.

Notoriamente, vemos aqui a distinção entre o indivíduo e o grupo ao qual ele pertence.

Curiosamente, assumimos que animais pertencem a uma categoria totalmente distinta da categoria humana.

Estes últimos podem usufruir indistintamente de um conjunto básico de direitos a partir de seu nascimento (http://www.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm) enquanto animais, não.

Para com animais não há direitos; não há distinções.

Animais existem para serem predados, consumidos, subjugados, utilizados como ferramentas. Todos eles.

Aos animais, lhes negamos qualquer direito ético à dignidade e conforto.

É um patético paradoxo humano.

Aliás, o homem é um absurdo ético.

domingo, 30 de março de 2008

Instinto Natural


Mulheres e Homens querem ter filhos.

Para que ?

Preservação da espécie.
Com 6,6 bilhões no planeta ?

Fascínio por crianças.
Com tantos orfãos por aí ?

Expectativa de uma combinação genética vencedora.
Sendo que o genitor não controla quais genes seus, combinados ao de seu parceiro, são passados à prole ?

Curiosidade estética e comportamental sobre o filho vindouro.
Justifica-se isso ?

Fortalecimento de laços matrimoniais.
Um casal sólido precisa desse laço (algema) ?

Desejo da família (sogros, sogras, primos, tios, etc).
Então se a família desejar que o casal se tatue ou se mutile, vale o pedido ?

Permitir o afloramento do chamado da natureza paterna e materna no macho e na fêmea.
Tumores, vírus, aneurismas, úlceras, cardiopatias também são fenômenos naturais.

Conclusão da reflexão :

Ter filhos é um capricho, uma vaidade, uma resignação, uma irresponsabilidade, um egoísmo.

A falta de qualquer sentimento de coletividade, permite que cada uma faça o que tem vontade.

Bom...
Eu tenho muitas vontades.
Posso ?

Organismos sencientes

Porque o homem desconsidera que outros seres vivos sejam capazes de sentir dor e vivenciar sofrimento e pânico ? Existe necessidade REAL de submeter outros organismos, modelos animais genética/fisiológica/comportamentalmente distinto dos humanos, ao sem número de procedimentos abusivos que o mercado e a indústria científica oferece ?

Porque não é liberado o consumo de carne humana e uso de humanos em experimentação científica ?

Qual a lógica de impedir que humanos se submetam a isso ?

A resposta é evidente: ninguém quer estar sujeito a vivenciar a situação como parte passiva.

Portanto, para que tal sistema seja implantado, deveríamos aplicar um critério de seleção.

O paradoxal é que já aplicamos critérios de seleção ad nauseam diariamente.

E não são nada velados.

Usar animais como objetos, tratando-os como uma cadeira, um lápis, um copo, é de uma falta de sensibilidade e covardia sem tamanho.

Um boi tem muito mais habilidades comportamentais que um recém nascido.

Se uma picanha é gostosa ou um rato é util à ciência, podemos assumir que uma criança no espeto ou na mesa cirúrgica pode ser imensamente mais útil.

sábado, 29 de março de 2008

Câncer


Nossos corpos são feitos de bilhões de células que crescem, dividem-se e morrem em uma forma razoavelmente previsível.

O cancer é um fenômeno que
manifesta-se quando algo dá errado com o sistema, causando divisão celular e crescimento descontrolado. Células cancerosas reunem-se indistintamente e formam uma massa de tecido extra também conhecido como tumor, o qual cresce continuamente.

A medida que cresce, o tumor danifica e invade tecidos próximos.

Se um tumor cresce e deixa seu sítio de origem movendo-se a outro lugar, dizemos que ocorreu metástase.

O tratamento para o câncer busca seu controle e regressão.
Entretanto, apenas algumas terapias tem tido algum sucesso.
É procedimento comum removê-lo cirurgicamente "por completo" ou envenená-lo.

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A espécie Homo sapiens tem cerca de 1 milhão de anos (a vida surgiu há 3,5 bilhões de anos sobre este planeta).

Como espécie organizada socialmente, o homem tem cerca de 10 mil anos dos quais apenas os últimos 5 mil anos apresentam registros históricos precisos.

Estima-se que em meados de 1750 eramos 800 mil habitantes.
Hoje, em 2008, ultrapassamos os 6,6 bilhões de pessoas.


O homem pode ser encontrado habitando zonas frias, temperadas, tropicais e áridas.
O homem distribui-se por toda a superfície global.
O homem elaborou técnicas para voar, nadar, perfurar e habitar o solo e viajar fora da atmosfera terrestre.
A expectativa de vida média cresceu significativamente nos últimos anos graças aos "avanços" da medicina e agricultura.
O homem tem filhos e cada filho vive sob cuidados parentais por mais de 10 anos, sendo plenamente dependente destes.
O impacto de um homem padrão sobre o meio ambiente envolve enorme consumo de espaço e recursos naturais em excesso como água, alimento e abrigo.
A presença do homem já proporcionou a extinção de algumas espécies e é a responsável pelo aquecimento global inevitável.

Apresentação


Prezados...

Este blog visa apresentar um ponto de vista lógico, coerente e (até onde for possível) desprovido de emoções sobre temas tão diversos como direitos animais, seleção natural e artificial, impactos sobre o meio-ambiente, controle populacional, sexo, ética, moral, natureza humana, eutanásia, aborto, suicídio, ateísmo, livre arbítrio, vida e morte.

Espere portanto ter eventual contato com posturas pouco convencionais.

Espere também vê-los suportados pela mesma lógica que usamos para cada uma de nossas ações cotidianas. Sim. A lógica que você acredita servir para X mas que curiosamente não se aplica a Y.

Incentivo fortemente a contestação e argumentação coerente.

Entretanto uma ressalva : antes de criticar, pense seriamente na argumentação.

Criticar sem olhar-se ao espelho é embaraçoso e previsível.

Espero que através da polêmica e das discussões apaixonadas (e não inflamadas), possamos repensar uma boa parte do que fizemos ontem, fazemos hoje, e faremos amanhã.

O mundo precisa de mudanças imediatas.

Uma única pessoa tem poderes imensos ao seu dispor.

Faça a diferença. Faça história.