"REPERCUSSÕES SOCIAIS
Característica | Carnívoros | Herbívoros | Onívoros | Humanos |
Músculos Faciais | Reduzidos de modo a permitir ampla abertura bucal | Bem desenvolvidos | Reduzidos | Bem desenvolvidos |
Tipo de Mandíbula/Maxila | Ângulo não expandido | Ângulo expandido | Ângulo não expandido | Ângulo expandido |
Posição de articulação da Mandíbula | No mesmo plano dos molares | Acima do plano dos molares | No mesmo plano dos molares | Acima do plano dos molares |
Movimento da dentição | Rente; movimento lateral mínimo | Deslocado; movimento livre no plano | Rente; movimento lateral mínimo | Deslocado; movimento livre no plano |
Principais músculos da mandíbula | Temporalis | Masseter e pterigóide | Temporalis | Masseter e pterigóide |
Abertura bucal x Tamanho da cabeça | Grande | Pequena | Grande | Pequena |
Dentes : Incisivos | Curtos e pontiagudos | Amplos, achatados e na forma de pás | Curtos e pontiagudos | Amplos, achatados e na forma de pás |
Dentes : Caninos | Longos, afiados e curvos | Cegos e curtos ou longos (para defesa) ou nenhum | Longos, afiados e curvos | Curtos e de ponta arredondada |
Dentes : Molares | Afiados, com forma de lâminas irregulares | Achatados com pontas complexas | Lâminas curtas e/ou achatadas | Achatadas com pontas nodulares |
Mastigação | Nenhuma; Alimento engolido em largas porções | Mastigação intensa necessária | Engole alimento inteiro e/ou esmagamento | Mastigação intensa necessária |
Saliva | Sem enzimas digestivas | Enzimas digestoras de carboidratos | Sem enzimas digestivas | Enzimas digestoras de carboidratos |
Tipo de estômago | Simples | Simple ou múltiplas câmaras | Simples | Simples |
Acidez estomacal | Menor que ou igual a pH 1 com comida no estômago | pH 4 a 5 com comida no estômago | Menor que ou igual a pH 1 com comida no estômago | pH 4 a 5 com comida no estômago |
Capacidade estomacal | 60% a 70% do volume total do trato digestivo | Menos que 30% do total do trato digestivo | 60% a 70% do volume total do trato digestivo | 21% a 27% do volume total do trato digestivo |
Comprimento do intestino delgado | 3 a 6 vezes o comprimento do corpo | 10 a mais do que 12 vezes o comprimento do corpo | 4 a 6 vezes o comprimento do corpo | 10 a 11 vezes o comprimento do corpo |
Cólon | Simples, curto e liso; não ocorre fermentação | Longo, complexo; pode ser compartimentalizado; fermentação pode ocorrer | Simples, curto e liso; não ocorre fermentação | Longo, compartimentalizado; fermentação pode ocorrer |
Fígado | Pode detoxificar vitamina A | Não pode detoxificar vitamina A | Pode detoxificar vitamina A | Não pode detoxificar vitamina A |
Rins | Urina muito concentrada | Urina moderadamente concentrada | Urina muito concentrada | Urina moderadamente concentrada |
Unhas | Garras afiadas | Unhas achatadas ou cascos arredondados | Garras afiadas | Unhas achatadas |
Termostase | Hiperventilação | Perspiração | Hiperventilação | Perspiração |
O consumo de carne perdura e é estimulado meramente em função de um capricho gustativo. As pessoas consomem carne porque gostam de seu gosto, textura e aroma. Só ! Esta é a verdadeira razão ! Elas simplesmente não desejam alterar um hábito adquirido desde a infância. Alegações de que o consumo de carne é imprescindível, natural e saudável são inverdades alimentadas pela indústria alimentícia e ignorância popular. Observa-se por exemplo, a ampla divulgação de que o ser humano precisa de "proteína animal" na forma de carne ou derivados destes para encontrar-se gozando de boa saúde.Uma grande bobagem! Do contrário, não haveriam tantos vegetarianos/veganos/frugívoros praticantes há décadas, saudáveis e em excelente forma física. Infelizmente, ainda são muito poucos os praticantes dessa conduta.
Ainda sobre a "proteína animal" :
Um fígado apresenta proteínas celulares distintas das proteínas celulares encontradas na soja. Portanto, a quantidade do aminoácido X encontrado no fígado talvez seja diferente da quantidade do aminoácido Y encontrado na soja. Mas de forma alguma, repito, não serão encontrados ambos aminoácidos X e Y tanto na soja como no fígado. O rendimento na extração dos aminoácidos que nos interessam, depende da combinação alimentar e modo de preparo destes. Fica evidente portanto que obter os teores de aminoácidos essenciais ou não-essenciais numa dieta, é questão de mero planejamento e protocolo culinário.
Aqui, entendam também que não é necessário um planejamento logístico complexo para obter os teores nutricionais indicados pelo profissional de saúde. Basta simplesmente ter uma alimentação variada em gênero e qualidade. Diz o ditado oriental que a boa refeição é a refeição colorida (alimentos vermelhos, verdes, amarelos, escuros, etc). Pigmentação diversificada é indicativo de variedade nutricional (vitaminas, carboidratos, lipídeos, etc). Não há um ser humano que se alimente diariamente e exclusivamente de carne. O primeiro que fizer isso por um tempo razoável, terá sérios e irreversíveis problemas renais. Não somos leões. A fisiologia e alimentação humana não se compara a de um felino, por exemplo. Mesmo o mais inveterado amante da carne, complementa sua alimentação com diversos outros alimentos. É amplamente sabido o impacto que o consumo de carne causa ao organismo humano, seja alterando níveis de colesterol, pressão sanguínea, capilaridade vascular, esforço renal, hepático e biliar, dificuldade digestiva, entre outros aspectos.
O autor reforça uma idéia errônea sobre a filosofia de alimentação vegetariana/vegana : "Há, entretanto, indivíduos que não se alimentam de carne de mamíferos, como uma forma de protesto contra o extermínio da vida. Por outro lado, essas pessoas comem aves, peixes e todos os vegetais, além de utilizarem objetos de madeira e de couro, todos resultantes da morte de seres vivos." A generalização é absurdamente equivocada ! São muitos os vegetarianos que não consomem qualquer tipo de carne (seja de peixes, aves, répteis, anfíbios) e são muitos os vegetarianos que não consomem produtos oriundos de animais (couros, ovos, leite, peles, fibras, etc). Mais do que pregar o extremismo de conduta, o que o vegetarianismo prega é a não-necessidade de consumo de carne ou derivados animais para qualquer fim.
Usemos um pouco de lógica cartesiana.
Mas afinal, em que aspectos exatamente somos diferentes destes, e em que aspectos somos iguais ?
Me parece que nossa espécie escolhe descaradamente semelhanças e diferenças segundo sua própria conveniência. Somos semelhantes na hora de usá-los como modelos experimentais, mas somos únicos e singulares na hora de usufruir de direitos à dignidade e ao respeito.
São paradoxos morais e científicos constrangedores para um ser auto-intitulado racional.
Se por um lado consideramos um desvio de dois graus centígrados na temperatura corpórea infantil algo sério, porque ignoramos que os animais usados como modelos experimentais já apresentam naturalmente uma diferença de dois graus centígrados em relação à nossa temperatura, diferença essa que seguramente reflete-se no comportamento molecular de suas células e constituintes ? Aliás, com que petulância (diante do pouco que conhecemos sobre o mecanismo molecular da vida), podemos afirmar que essa diferença (e tantas outras) não interferem na mecânica atomística inter e intracelular de um orgão/tecido/ser vivo ? Como extrapolar com segurança o efeito causado por uma composição farmacológica usada em modelos animais os quais sabidamente diferem fisiologicamente, genomicamente, anatomicamente, psicologicamente da espécie humana ? Não resulta uma perda preciosa de tempo e recursos experimentar drogas em animais quando o único modelo experimental que se presta a conclusões precisas do ponto de vista científico seja o próprio Homo sapiens ? Gritamos aos quatro ventos que animais não apresentam linguagem desenvolvida e os usamos para avaliar respostas laboratoriais através de inferências totalmente subjetivas. Não faz mais sentido usarmos organismos semelhantes biologicamente que ainda por cima possam se comunicar conosco de forma precisa, indicando os verdadeiros rumos de uma pesquisa séria ?
A contestação clássica sustenta que usar humanos em experimentação científica é contrário à Ética e Imoral. O argumento faria sentido se o próprio homem não contrariasse a própria ética e moralidade diariamente (seja em escala individual e coletiva) sujeitando milhões de pessoas à fome e privação de recursos básicos devido a utilização de um sistema econômico desigual e explorador. A Ética e Moralidade não é contestada quando a sociedade julga e condena milhares/milhões de pessoas por crimes que estes cometem contra o semelhante, enquanto pais de família ganham salários miseráveis para alimentar filhos que são criados segundo os valores mais conservadores. Ignora-se a Ética e Moral quando um condenado é mantido inútil e irrecuperável em uma penitenciária (ao invés de servir à Ciência e à Sociedade de modo recíproco), quando bilhões de animais são submetidos a elucubrações científicas das mais variadas apoiando-se em um sistema de extrapolações lógicas das mais furadas. O homem é muito ético e moral quando famílias ficam sem água para satisfazer interesses de empresários megalômanos apoiados pelo governo e lobbys empresariais. É ético e moral que uma minoria populacional detenha grande parte da riqueza moderna enquanto bilhões vivem em estado de sub-existência. Não contesta-se qualquer violação ética e moral em ferir e usar animais como objetos, invariavelmente condenando-lhes a morte (seja pela ciência, seja pela alimentação), enquanto homens que violaram todas as regras básicas da sociedade, refastelam-se por toda uma existência às expensas dos impostos cobrados do cidadão que trabalha arduamente de manhã à noite.
Não acho que o argumento de respeito a ética e moral deva ser exposto por qualquer um enquanto a mesma pessoa que o levanta, não faça uma auto-análise sincera das suas práticas e valores. Não se pode usar lógica para A e não para B, quando A = B.
São pontos simples na verdade, absurdamente óbvios, mas cosntantemente ignorados por pura conveniência humana :
- Se notamos claramente a diferença entre macacos e homens, como podemos justificar a experimentação com animais tais como camundongos, coelhos e cães ?
- Se notamos semelhanças entre macacos e homens, porque uns tem direitos e outros não ?
- Se assumimos que ambos tem sistemas biológicos parecidos (ou orgãos equivalentes), como podemos então achar que uns sentem dor e outro não ?
O uso de modelos animais na ciência apoia-se em um princípio errôneo: animais não são modelos biológicos para o Homo sapiens. Por modelo entendemos algo que representa idealmente um dado referencial. Animais apresentam peculiaridades biológicas únicas. Experimentação científica em animais é perda de (1) tempo, (2) dinheiro, (3) vidas humanas que esperam décadas para a pesquisa e desenvolvimento de fármacos que poderiam ser lançados no mercado em questão de poucos anos.
Desse raciocínio, a pergunta que emerge é simples : quem seriam as pessoas usadas na experimentação científica segundo este sistema ? Eu ? Minha mãe ? Meus amigos ?
Em primeiro lugar, devemos como sociedade refletir : Enquanto sociedade, elaboramos um código de condutas grupais que devem ser seguidas. Quem não as segue, está sujeita à Justiça e julgamento. Claramente então, o homem define o que é certo e errado para o grupo. Pergunta-se : quem nesta sociedade nós, enquanto grupo, consideramos como sendo elementos que violam princípios morais e éticos básicos e são obrigados a viver afastados da convivência grupal ?
Se não temos remorso em afastá-los da vida em grupo, porque teríamos em submetê-los a experimentação científica em prol da comunidade e da ciência ? Será porque a experimentação é um procedimento humilhante, doloroso e incerto de resultados positivos ?
Interessante...
Pois justamente esses pontos deveriam ser considerados ao usarmos os mesmos procedimentos em criaturas que sentem dor, medo, têm consciência de existência e buscam o mesmo que qualquer ser humano : propagar seus genes, sentir prazer e esquivar-se do desconforto e da dor.
Um comentário:
Rapaz, um blog tão bom como o seu não pode ser pouco visitado como a ausência de comentários parece denunciar. Sério. Suas observações parecem muito pertinentes, além de bastante acessíveis para uma leiga em Biologia como eu. =)
Passarei aqui mais vezes para ler com mais atenção, tá muito tarde agora. :)
Ah, vi o link para o blog na comunidade Vegetarianos - RJ.
Fernanda
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