quarta-feira, 4 de junho de 2008

Dignidade com as cobaias

Acho tão patético quando o H.sapiens utiliza-se de uma lógica parcial e hipócrita para condenar uma dada atividade, quando a pratica descaradamente em outras situações.

O uso da palavra dignidade é seguramente usada sem real obediência ao seu significado mais básico.

Associação denuncia uso de cobaias humanas em pesquisas de malária (03/06/2008 - 15h41)

União e governo do Acre foram intimados a prestar esclarecimentos à Justiça. Segundo instituição, uso de agentes como 'iscas' viola os direitos humanos.
O juiz Jair Araújo Facundes, da 3ª Vara da Justiça Federal do Acre, intimou nesta terça-feira (3) o governo do Acre e a União a se manifestarem sobre denúncias do uso de cobaias humanas em pesquisas contra a malária. O despacho foi feito após a Associação Brasileira de Apoio e Proteção aos Sujeitos da Pesquisa Clínica (Abraspec) entrar com uma ação civil pública contra a União e o governo do Acre na semana passada.

O presidente da Abraspec, Jardson Bezerra, disse ao G1 que pelo menos nove agentes entomológicos moradores da região do Vale do Juruá denunciaram que foram obrigados a levar picadas e oferecer amostras de sangue, alem de ficar com o corpo nu, exposto aos mosquitos, com o objetivo de capturar insetos. Em troca, eles receberiam salário de aproximadamente R$ 850. A prática seria comum no estado desde o ano 2000.  

"Essa prática não pode continuar, porque viola os direitos humanos. Há uma resolução do Ministério da Saúde que determina que em todas as pesquisas que envolvem seres humanos deve ser dado tratamento digno aos participantes. O Acre viola essas regras. Há má administração de dinheiro público. A verba não pode ser usada para nada que prejudica a saúde pública e essas ações podem disseminar a doença", diz Bezerra. 

De acordo com Bezerra, lâminas com amostras de sangue eram lavadas e reutilizadas, o que expõe os agentes ao risco de contraírem doenças como hepatite e Aids. "Deixou de ser um risco para os agentes e passou a ser um risco para a saúde pública, já que eles podem transmitir doenças para outras pessoas, inclusive para suas famílias", diz

Procurada pela reportagem do G1, a Advocacia-Geral da União informou que ainda não foi notificada. Representantes do estado do Acre também informaram que o estado ainda não recebeu a intimação.

Falta de provas

O procurador da República no Acre, Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, designado para o inquérito que investiga o caso, afirmou que está reunindo provas. Por enquanto, ele recebeu uma cópia da petição inicial da ação civil pública em que é pedida a adoção de medidas e punição para os responsáveis.

"O Ministério Público só poderá integrar a ação quando receber provas. Ainda não tenho como saber se isso poderá ser provado ou não. Há pessoas que dizem possuir fotos e documentos que comprovem a prática, mas ainda não recebemos", disse Cordeiro Lopes.

Nota oficial

O secretário de Estado de Saúde, Osvaldo de Sousa Leal Junior, divulgou nota oficial sobre as denúncias em que esclarece que o estado "não realiza pesquisas com cobaias humanas e condena o uso desta prática."

O Acre faria a captura do mosquito no momento da picada por meio de "atração humana", quando meias grossas são utilizadas para proteger a pele e o inseto é capturado antes da picada.

Segundo a secretaria, os técnicos de entomologia são treinados para capturar os insetos com aulas teóricas e práticas. "Desta forma, a técnica de atração humana está restrita aos profissionais devidamente conscientizados, capacitados, treinados para esse fim", diz a nota.

Segundo a secretaria, "a captura de mosquitos transmissores é um procedimento epidemiológico e entomológico de rotina, mundialmente adotado para o controle de vetores". O método seria aprovado pela Organização Mundial de Saúde.

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